Seus Olhos Refletiam Os Meus

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Em um canto da casa, já não muito frequentado por ela, Janne olhou através de uma janela que se estendia na parede da sala. Lá fora, um belo jardim cheio de encantos. Bem no meio do jardim uma linda árvore de galhos enormes enfeitava ainda mais aquela paisagem de sonhos. Ela aproximou-se um pouco e pode ver uma criança brincando em seu balanço que pendia do galho mais forte da bela árvore.
 Com um sorriso largo no rosto a menina de cabelos loiros e encaracolados cantarolava uma canção de ninar que Janne conhecia muito bem e como em uma segunda voz ela cantou a mesma canção, baixinho, entre os lábios, para não assustar a pequenina.
 De repente ela viu brotar nos olhos da criança uma tristeza misturada com saudade e sentiu uma lágrima cair. Foi como se os seus olhos chorassem por a mesma dor. Sobressaltada, ela levou a mão ao rosto para secar rapidamente o seu pranto e então viu o gesto se repetir através da janela. Em um piscar de olhos viu um rosto envelhecido e surpreso, mas que ainda guardava o olhar tímido daquela pequena.
De volta à realidade, Janne observou atentamente o espelho a sua frente. Lembrou que há muito tempo não parava para olhar-se, pois achava doloroso ver o seu rosto, antes tão jovem e belo, agora marcado pelo tempo. Mas ela aprendeu a lição.
...
O tempo se encarrega de levar a nossa juventude, mas ele nos presenteia com as lembranças que não envelhecem.  Deixa o corpo mais frágil, porém, a mente mais forte. Faz com que se sonhe menos, porém, se recorde mais.
O tempo não é o nosso inimigo ele é nosso aliado, pois a cada segundo de juventude que perdemos, ganhamos um pouco mais de sabedoria.

Lúcia Alves 14.04.2011

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